Outro olhar sobre Adolf Hitler
Este artigo visa apresentar a vida
de Adolf Hitler e sua estratégia de ascensão ao poder, assim como sua postura
individualista e ao mesmo tempo altruísta, seu discurso retórico atraente, sua
estratégia desarmamentista, seu poderio em todos os âmbitos, sua influência na
cultura alemã, e a semelhança entre nazismo e socialismo, uma vez aquele é
fruto deste último.
Poderá ainda auxiliar o leitor na redação de textos
e discursos referentes a temas históricos, políticos e sociais.
Ele tem por objetivo expor o modo como Hitler chegou
ao poder e as consequências disto para a Alemanha e para o mundo.
Adolf Hitler – O início
Adolf Hitler nasceu na Áustria em
1889 e morreu na Alemanha em 1945. Com os pais mortos, desde jovem viveu de uma
pensão deixada por seu pai e de empregos informais. Era medíocre e instável nos
estudos. Queria ser pintor. Em 1914, mesmo sendo considerado incapaz para o
serviço militar na Áustria, alistou-se na Baviera no início da Primeira Guerra
Mundial. (BARSA, 1994, p. 96)
De acordo com o repórter, editor e
autor Leandro Narloch, Adolf Hitler foi um cabo que participou da Primeira
Guerra Mundial como mensageiro, e como espião monitorava mais de 70 grupos
nacionalistas e socialistas na Baviera. (NARLOCH, 2013, p. 181)
Ele participou de um encontro do
Partido dos Trabalhadores Alemães em Munique, partido este formado por
trabalhadores de baixo nível que reivindicava direitos contra a exploração
financeira. Era um partido socialista, nacionalista e antissemita, uma vez que
lançava sobre os judeus a culpa de terem lucrado com a guerra provocando também
a derrota da Alemanha. No final do encontro quando se viu uma proposta de
independência da Baviera em relação à Alemanha para anexar-se à Áustria, o
jovem Hitler discursou com maestria, pois acreditava que os povos de língua
alemã deveriam se unir numa única nação. Impressionados com o discurso do
jovem, apresentaram-lhe um panfleto sobre socialismo, nacionalismo e
antissemitismo. Hitler tornou-se então um dos diretores do Partido dos
Trabalhadores Alemães difundindo os ideais do mesmo. (NARLOCH, 2013, p. 181)
O tema de suas falas era
praticamente o mesmo em todos os discursos, os judeus como responsáveis pela
miséria alemã, como afirma Vladimir Tismăneanu,
“o nazismo identificava o judaísmo e o marxismo como a raiz de todos os males.”
(2012, p. 21 e 22), somando a isto um ardor fanático nos discursos
individualistas e ao mesmo tempo altruístas que atraiam cada vez mais
seguidores. Isto é reforçado pelo Filósofo Olavo de Carvalho, assinalando um
pensando de Victor Frankl, dizendo que o desprezo pela individualidade do outro
é um traço da personalidade fanática:
Para
o fanático, só há um objetivo autêntico: as metas do seu partido ou seita. As
outras nada valem em si mesmas, tornando-se boas ou más conforme se ajustem ou
se afastem daquelas. [...] Daí que ele seja incapaz de admitir, de compreender
os outros nos próprios termos deles. Ele tem de traduzi-los na linguagem do seu
próprio ideal, isto é, reduzi-los a amigos ou inimigos do partido, e julgá-los
em função disso, por menos que caibam nesse molde pré-fabricado. (CARVALHO, 2017,
p. 140)
Carvalho enriquece este trecho com um fato ocorrido
na vida de Eric Voegelin:
Eric
Voegelin, quando jovem, não era a favor nem contra o racismo. Era a favor da
ciência histórica. Estudou a história da ideologia racista e, tendo concluído
que não tinha nada a ver com a realidade biológica das raças, publicou esta
conclusão num livro. Mas, para os nazistas, a ciência histórica não era um
critério autônomo admissível. A história tinha de ser a favor do partido ou
contra ele. No dia seguinte, a Gestapo estava no encalço de Eric Voegelin. (CARVALHO,
2017, p. 140)
Assim o regime nazista encerrava em
si uma identidade ególatra e ao mesmo tempo abnegado, tendo por base interesses
particulares tidos como via de regra, o que faz do nazismo e comunismo
ideologias sui generis.
A Ascensão de Hitler ao
poder
Segundo Stephen Halbrook, Adolf
Hitler foi nomeado Chanceler da Alemanha em 30 de janeiro de 1933. A Nova Ordem
iniciou uma campanha de eliminação dos inimigos do Estado aproveitando-se das
proibições de armas de fogo, sob a justificativa de neutralizar seus oponentes
comunistas. Os nazistas fizeram buscas policiais em estabelecimentos e
investigações contra supostos comunistas a fim de apreender armas, levando a
conflitos armados e mortes. (HALBROOK, 2017, p. 77)
De acordo com Halbrook, Hitler não
sofreu nenhum tipo de resistência ao subir ao poder, pois o conseguiu
legalmente de acordo com a constituição. Uma concreta resistência civil armada
era muito pouco provável naquela situação. Mesmo atacando grupos de pessoas de
partidos opostos, não haviam provas de que os nazistas sofreriam penas após a
prisão. Houve também ataque contra reuniões católicas em diversas cidades. Começaram
então as censuras de grupos contrários ao Reich, uma vez que alguns governos
estaduais ainda não estavam compreendendo o que significava essa nova era do
nazismo. (HALBROOK, 2017, p. 78 e 79)
Hitler mandou emitir um decreto que
autorizava o Reich a derrubar o poder executivo dos estados que não quisessem
reestabelecer a lei e a ordem aos moldes do nazismo. Este decreto autorizava o
governo a suprimir direitos da constituição que garantiam a liberdade
individual, de opinião, de expressão, de imprensa e proibia a formação de
grupos e associações. A comunicação não estava mais sob sigilo podendo ser
grampeada pelo governo. Havia ainda uma autorização para que o governo fizesse
busca e apreensão em residências. Quem estivesse envolvido em tumultos ou
desordens portando armas de fogo ou pelo menos ajudasse quem portasse armas de
fogo estaria sujeito à prisão perpétua ou pena de morte. (HALBROOK, 2017, p. 80
e 81)
Reforçando esta tese do poderio do Estado Alemão
durante o governo de Hitler, o Historiador Evandro Sinotti mostra como a
economia da Alemanha foi sutilmente eivada pelos ideais nazistas:
A
intervenção na economia alemã, como dito, foi aumentando gradualmente. O
governo controlou os salários, que foram congelados em 1934 e permaneceram
fixos até 1945. Foram abolidas as centrais sindicais, as greves foram proibidas
e todos os trabalhadores, inclusive os de colarinho branco, tiveram que se
filiar à Frente de Trabalho Alemã, organização nazista vinculada à Câmara
Econômica do Reich. Cada ramo industrial obrigatoriamente estava organizado em
grupos econômicos controlados pelo Grupo Industrial do Reich. Comércio, bancos
e agricultura ficaram sob jurisdição de um dos grupos do Reich. O Estado
interferia diretamente nos métodos de produção. (SINOTTI, 2015, p. 27)
Consequências dos ideais de Hitler
De acordo com o Professor de
Ciência Política da Universidade de Maryland, Vladimir Tismăneanu, o que as pessoas sofreram nos campos de
concentração nazistas e comunistas praticamente destruiu as características
humanas como emoções, compaixão e a própria razão (TISMĂNEANU, 2012), uma vez que ambos os movimentos tinham por meta
uma purificação da humanidade contra a corrupção, involução e aniquilamento e
uma restauração da unidade perdida. (TISMĂNEANU,
2012, p. 21)
Hitler foi movido por um ardor
ideológico que usava como pretexto de que ele estava cumprindo uma grande
missão histórica para transformar a sociedade. (TISMĂNEANU, 2012)
Nas palavras de Tismăneanu esses dois
movimentos se apresentavam como as soluções ideais para os problemas do mundo:
O
fascismo e o comunismo, como movimentos políticos, foram soluções de uma “crise
de sentido” dolorosa e universalmente sentida através da Europa. Nascidos por
causa do barbarismo cataclísmico e a violência sem precedente da Primeira
Guerra Mundial, esses movimentos apocalípticos proclamavam o advento do milênio
neste mundo, ou, para empregar a expressão de Eric Voegelin, tentaram
imanentizar o eschaton, construir o
Céu na Terra, eliminar a distinção entre Cidade do Homem e a Cidade de Deus. (TISMĂNEANU, 2012, p.35)
Nazismo e comunismo acabaram
tornando-se lados opostos da mesma moeda de revolução. Um pretendia exterminar
o outro, todavia possuíam um objetivo em comum que era fazer com que a ordem
capitalista fosse varrida e surgisse o mundo perfeito, o paraíso terrestre sem
guerras de classe (NARLOCH, 2013, p. 183) como testifica Olavo de Carvalho:
Em
primeiro lugar o nazismo foi feito pelos soviéticos. A ascensão do nazismo e a
guerra foi planejada e subsidiada por Stalin que pretendia usar o nazismo como
ponta de lança. Ele acreditava que o nazismo era um movimento de tipo anárquico
que conseguiria derrubar um regime, mas que não conseguiria se manter. O
nazismo seria então o “navio quebra-gelo” da revolução socialista. Hitler
estando de perfeito acordo, no momento decisivo traiu Stalin, e acabou por
invadir a Rússia. Então a falácia de que a União Soviética destruiu o nazismo
cai por terra, uma vez que esta última gerou o nazismo. (Quem era
verdadeiramente Adolf Hitler, 2018)
Em suma, o que parecia ser o
advento de uma nova era sob o regime de um homem altivo e enérgico veio a se
tornar o mais desastroso dos genocídios da história da humanidade.
Neste artigo apresentei a origem e
vida de Adolf Hitler, elucidei os meios através dos quais ele ascendeu ao poder,
as consequências imediatas desta empreitada para a Alemanha e o mundo e as
semelhanças entre socialismo e nazismo.
Lançando mão do pensamento de renomados
estudiosos das áreas de História, Ciências Políticas e Sociais, Filosofia e
Economia foi possível comprovar através de sólidas argumentações que Hitler
usou de grande perspicácia e inteligência para alcançar um poderio não somente
militar, mas, sobretudo ideológico com base no controle das massas através do
desarmamento e coerção física e psicológica, e de uma retórica extremamente
arrebatadora em seus discursos, conferindo-lhe um grande número de seguidores.
Foi possível ainda atestar os reflexos negativos de sua política quanto à
esfera econômica, social, religiosa, diplomática e moral. Por fim, foi possível
fundamentar a verossimilhança entre os nomes e agendas do Partido Nacional
Socialista dos Trabalhadores Alemães com o Socialismo/Comunismo.
Pôde-se obter por meio destas
breves constatações um maior aprofundamento histórico e político sobre os temas
acerca do nazismo e socialismo sendo ambos intrinsecamente ligados. E pode, além de tudo, ser utilizado como
subsídio no debate político-ideológico a fim de comprovar que não existe
nenhuma semelhança entre a direita política e o nazismo.
Fontes:
Quem era verdadeiramente Adolf
Hitler – Olavo de Carvalho – Youtube – Canal Endireita – 2018 - https://youtu.be/Jw6L1-Y_1XQ
HALBROOK,
Stephen P.
Hitler e o desarmamento: como o nazismo
desarmou os judeus e os “inimigos do Reich”. Campinas, SP. Vide Editorial,
2017.
TISMĂNEANU, Vladimir.
O Diabo na História: comunismo, fascismo
e algumas lições do século XX. Los Angeles, CA. University of California Press,
2012.
CARVALHO,
Olavo de.
O mínimo que você precisa saber para
não ser um idiota. 25ª edição. Rio de Janeiro, RJ. Record, 2017.
NARLOCH,
Leandro.
Guia politicamente incorreto da
história do mundo. São Paulo, SP. Leya, 2013.
SINOTTI,
Evandro Wellington.
Não, Sr. Comuna!: guia para
desmascarar as falácias esquerdistas. Pirassununga, SP. Editora Sinotti, 2015.